segunda-feira, 18 de julho de 2011

Patologias e Pretextos

Estamos construindo uma sociedade de fracos. Uma sociedade viciada em antidepressivos e desculpas. Hoje em dia qualquer indisposição vira sinônimo de depressão e receita de tarja preta. Não culpo as pessoas que tomam os tais remédios e que depois não conseguem se livrar mais deles. Mas me questiono porque hoje existem tantas doenças que não existiam antes. Transtorno bipolar, T.O.C., esquizofrenia, estresse pós-traumático. Ou será que estas doenças sempre existiram, mas não se dava tanta importância a elas, pois não eram lucrativas para ninguém? Hoje qualquer brincadeira ou apelido é chamado “bullying” e também vai parar na cadeira do psiquiatra.
Estamos vivendo um momento higienista onde tudo deve ser 100% livre de bactérias. Desde o sabonete para o banho, até o sabão de lavar roupas. 100 bactérias, 100 apelidos, 100 deprê, 100 graça.
Tá na moda ser depressivo, ter sofrido “bullying” e eliminar as bactérias.
Imaginem a próxima geração que está surgindo como vai ser. Uma geração de imbecis, que vive reclamando e tomando remédios. Uma geração que não tem força de vontade. Dependente, carente. Uma geração limpa e doente. Uma geração de corpo e roupas limpas e de mente e espírito doentes. Doentio.
Vejo todos os dias, pais que pensam que esta é a melhor maneira de proteger seus filhos, tentando impedir que eles se machuquem, que se frustrem, que chorem. Tentando impedir que eles vivam. Que corram riscos. Que adoeçam. Que morram. Como se tudo isso fosse possível de se evitar. Como se fosse saudável evitar as contaminações, as tristezas, as amizades.
Fazer isso só vai facilitar a vida da indústria farmacêutica e da indústria de produtos de  higiene e limpeza.
Quando falei sobre uma sociedade viciada em desculpas, estava me referindo à mania que as pessoas têm de ficar justificando sua incapacidade de agir, usando como pretexto as doenças, ou os apelidos que teve na infância, ou até mesmo o Governo.
As relações pessoais da atualidade são superficiais e sem nenhuma naturalidade, pois você corre o risco de dizer algo que ofenda alguém do seu convívio e ser processado por isso. Qualquer coisa é pretexto para um processo.
 Onde fica a capacidade de lidar diretamente com as dificuldades, sem precisar chamar um advogado para intervir? E a capacidade de se arrepender e pedir desculpas, sem a necessidade de consultar um psiquiatra?
As relações estão mais distantes, mais impessoais. Sem apelidos, sem palavrões e mais uma vez sem a menor graça.
No futuro seremos limpos, amparados pela lei, medicados, fracos, infelizes e solitários.



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