Compre o livro aqui
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
A metáfora do cavalo branco e do amor perdido
Ele era lindo e todo branco. Tive vontade de me aproximar e espalmar minhas mãos sobre o seu dorso robusto e ainda quente. Sentir a sua alma se esvair. Fechar os olhos e lhe sussurrar "pode ir, vá em paz a dor vai passar." Mas de dentro do carro, em plena rodovia, só pude ver os carros parados com as luzes de alerta piscando e o grande cavalo branco estirado ao chão.
Se fosse um sonho, ele levantaria de um salto balançando a cabeça e exibindo sua crina prateada e galopando subiria aos céus. Mas não foi um sonho e provavelmente ele sofreu muito antes de morrer. Sua beleza rústica e natural não lhe garantiu uma morte suave e sem sofrimento. Seu tamanho e sua força não o protegeram da pancada fatal. Seus olhos grandes e assustadiços, ofuscados pelo farol alto na estrada escura é a cena que imagino segundos antes do som da freada e do estrondo do veículo rompendo ossos e vísceras.
Saber que nada é eterno é assustador, mas acreditar cegamente na infinitude das coisas é uma ilusão. A vida é um ciclo eterno de transformação. Um cavalo, uma planta, um sentimento...Todos morreram ou apenas mudaram de forma?
O fim, é a dor da morte.
A morte, é o fim da dor.
quinta-feira, 13 de abril de 2017
Uma goteira
Conserte a goteira.
Uma goteira não
incomoda enquanto não está chovendo. Mas isso não significa que ela não esteja
lá. Ela pode existir durante anos sem que nos perturbe ao ponto de nos animar
em consertá-la.
Podemos colocar
um balde a cada chuva e esvaziá-lo toda vez que ele transbordar em um ato
mecânico e repetitivo que passa a fazer parte da nossa rotina. Chegamos ao
ponto de pensar que nos livrar da goteira seria perder um pedaço da nossa vida.
Acostumamo-nos com as gotas batucando ao fundo do balde: “tá... tá... tá” e com
o barulho ritmado e hipnotizante das gotas mergulhando na água e a sua diferente
sonoridade a cada centímetro. Somos capazes de prever o momento em que o
vazamento se aproxima usando somente a audição.
Mas, aquilo que
parecia uma inofensiva goteira, um dia se revela uma infiltração corrosiva e
bolorenta. Seria este um sinal de que agora é a hora de arregaçar as mangas e
acabar com este suplício? Não. É mais simples manter os olhos ao chão para não
ver as terríveis manchas no teto e continuar esvaziando o balde toda vez que
ele derramar.
Quando
ignoramos todos os sinais o final é previsível. Um dia o teto cede e cai apodrecido
pelos longos períodos de chuva.
Conserte a
goteira.
Não espere que
pequenas e irritantes coisas do nosso cotidiano se tornem parte importante da
nossa vida. Uma simples goteira hoje pode ser um crânio rachado amanhã.
Conserte a
goteira.
É trabalhoso,
difícil, chato e dispendioso, mas necessário ao bom andamento da nossa casa.
Pegue a escada, suba ao telhado e se suje em uma tarefa cansativa e que ninguém
verá o resultado.
Conserte a
goteira.
Assinar:
Postagens (Atom)