sábado, 20 de abril de 2013

O DESENHO




Em uma folha de caderno cabe o desenho de um sol. Não, cabem vários sóis. De todas as cores, tamanhos e expressões.

Uns tem cara de espanto, outros sorriem de boca aberta. São traços irregulares e imprecisos, mas são traços fortes e seguros. Os raios parecem se esticar na tentativa de tocar os outros. Dar as mãos e raiar juntos.

Um deles, talvez o que foi desenhado primeiro, parece ser o líder, o mestre ou o pai de todos. Ele é verde e sorri. Um sorriso generoso, tranquilo e amigável. Para mim, ele representa o deus sol. Aquele que ilumina sem ofuscar. Reflete o brilho dos outros com alegria e desapego.

É um desenho criativo e cheio de sentimentos bons. Ela o fez com alegria e compromisso. A cada novo sol que desenhava, fazia questão de contá-los um a um. Uma mente quadrada poderia olhar e dizer: “Menina, existe apenas um sol e ele é amarelo”. Uma visão limitada e castradora.

Eu prefiro acreditar que existam muitos sóis. Milhares deles. Em um universo tão grande e ainda por se explorar, porque eu devo me contentar com apenas um sol?

Quero muitos. Quero todos. Com todas as suas cores e calores.