quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A Cinderela do Carnaval



Era 6ª feira de Carnaval e Carlos “Pomba” resolveu se aventurar no Rio de Janeiro. O apelido “Pomba”, segundo ele, era por causa da sua postura ao andar: com o peito empinado feito uma pomba. Mas segundo os amigos mais íntimos, o apelido na verdade era porque ele vivia fazendo cagadas por aí.
Ao chegar à cidade maravilhosa, “Pomba” foi dar umas bandas na praia de Copacabana para sentir o clima da cidade no Carnaval. Viu as gringas loiras de pernas branquelas de fora, viu os marombados malhando na areia, viu até algumas figuras conhecidas da TV. Mas o que chamou sua atenção, foi uma negra de traseiro grande que passou em sua frente no calçadão. Ela usava um shortinho curto e a cada passo suas nádegas se moviam ao ritmo do repinique no partido alto: tacati! catacati! catacati!
Seguindo aqueles passos ritmados foi parar em um bar onde o samba rolava quente. Parou e ficou observando ela sambar como se fosse uma apresentação especial. Aquela música cadenciada valorizava ainda mais o movimento de suas ancas.
Encostou-se ao balcão, pediu uma cerveja e esperou a hora certa de atacar. Quando ela parou para beber uma água, ele aproveitou e mandou:
  -Você é a flor mais rara e perfumada deste jardim!
Ela tirou a boca lentamente do gargalo da garrafa d’água e mediu o indivíduo de cima abaixo. Após alguns segundos de contemplação ela respondeu com um ar superior de quem não estava entendendo nada:
- Excuse me sir?
 “Pomba” encheu ainda mais o peito e pensou:  “é hoje que eu como uma gringa!”
Usando o seu melhor inglês ele repetiu:
 - You are a very much parfums flower this garden!
Ela abriu um belo sorriso e a conversa continuou rolando e enrolando entre um copo e outro.
“Pomba” acordou na 4ª feira de cinzas em um Hotel fuleiro da Praça Mauá, sem dinheiro, sem documentos e provavelmente sem a coisa que ele mais prezava: sua masculinidade.
Na delegacia, disse que foi vítima de um arrastão na praia e que não pôde ver o rosto dos meliantes que foram muito rápidos. Voltou para São Paulo pedindo carona e disse aos amigos que só chegou no sábado seguinte porque a festa estava boa demais e ele resolveu esticar um pouco.
Do Carnaval no Rio só sobrou a lembrança do perfume da gringa (ou de outra pessoa!) que ficou em sua camisa e uma dor terrível na bunda.






sábado, 11 de fevereiro de 2012

A Democracia da Folia



Apesar de muita gente não gostar, o Carnaval é realmente a festa mais democrática que existe. É o único momento em que vemos na TV, mulheres esculturais sendo passadas para trás pelas verdadeiras passistas que, em sua maioria, são mulheres normais com suas gordurinhas, seios fartos, sorriso generoso e samba no pé. São mulheres que durante o ano são costureiras, cabeleireiras, faxineiras, professoras, secretárias e que nos dias que antecedem o Carnaval se tornam estrelas e musas da alegria.

Outra prova da democracia carnavalesca é a amplitude de opções que temos para curtir o feriado. No Rio de Janeiro, qualquer praça vira salão de baile, onde uma simples máscara é suficiente para fazer a festa.

Agora, se você não gosta de Carnaval, ou não curte o tumulto das festas, pode aproveitar o feriado para viajar para algum lugar distante do barulho e da folia, próximo á natureza, curtindo apenas o som dos pássaros. 

Se não tiver dinheiro para viajar, pode aproveitar esses dias para curtir um bom livro, alugar uns filmes, passear no parque com seu cachorro, convidar os amigos para um almoço ou simplesmente se esticar no sofá e ficar de bobeira ganhando uns quilinhos. 

Mas se nenhuma destas opções te agradou é porque você é um chato que nasceu no país errado.

Para os outros, eu desejo um bom Carnaval. No bloco de rua, viajando ou em casa aproveite bem o que a nossa cultura tem de melhor: a alegria generosa e indulgente.