Gosto muito de
ler. Além dos livros gosto de ler as pessoas. Passando de ônibus pela Avenida
Paulista, posso ver uma diversidade típica deste local. É um ótimo lugar para
ler as pessoas. Para mim, a Paulista é uma amostra de como toda a cidade de São
Paulo deveria ser. Aqui tem tudo o que uma cidade precisa: bancos, empresas,
cultura, mobilidade e beleza (sem aquele emaranhado de fios que vemos nas
outras vias da cidade).
A leitura dos
rostos, roupas e gestos é infinita. Leio músicos de rua, skatistas,
engravatados, tatuados, religiosos. Decifro os passos rápidos de quem saiu para
almoçar. Anoto o sorriso descompromissado dos estudantes e suas mochilas
carregadas de possibilidades. Absorvo o olhar opaco de um andarilho. Tudo muito
rápido e efêmero. É um pocketbook do
cotidiano.
Mas apenas ler
não me basta. Preciso registrar o que leio, interpreto e reflito. Necessito
documentar o aparentemente banal e sem importância. Tornar o que não seria
digno nem de uma nota de rodapé em crônica.