quarta-feira, 26 de setembro de 2012
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Voltando da Lapa
No ônibus, um
senhor de aparência humilde, tem suas havaianas amarradas aos pés como
sandálias romanas. Fiquei pensando qual seria a razão daquilo. As manchas em
suas pernas denunciavam um provável problema de diabetes. No auto da sua testa,
uma leve mancha circular de um antigo hematoma, ainda trazia um pequeno corte
em cicatrização. Seriam as sandálias as grandes vilãs deste suposto acidente? Afinal,
tropeçar enroscando a ponta das sandálias no chão não é novidade alguma.
Será que ele
não tem nenhum calçado fechado ou esta opção não é capaz de abrigar seus pés
chatos e cheios de joanetes. O quadro “O lavrador de café”, de Candido
Portinari, ressurgiu em minha mente e me fez acreditar que aqueles pés também
eram de um lavrador.
Sentado de
cabeça baixa, trazia em uma sacola plástica um pacote de cigarros e uma marmita
de alumínio. Às vezes sussurrava palavras consigo mesmo e sorria discretamente.
Em uma das vezes que levantou a cabeça, pude ver que seus olhos eram verdes
escuros. Olhos maciços e distantes.
A viagem do
coletivo continua, mas eu vou saltar na próxima parada. O senhor segue seu
caminho e imagino que ele só desembarcará no ponto final. Quem sabe lá ele ainda
tenha um pedacinho de terra para carpinar. Quem sabe lá ele ainda seja apenas
um lavrador.
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