domingo, 31 de julho de 2011

A nova música brasileira

Para quem acredita que a Música Brasileira de boa qualidade e imaginação não existe mais, eu cito dois exemplos de shows que assisti ontem no festival de inverno de Paranapiacaba: Marcelo Jeneci e Teatro Mágico. E foi MA-RA-VI-LHO-SO!! Confiram.
http://www.marcelojeneci.com.br/site/
http://oteatromagico.mus.br/

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Um dia de chuva

(Um dia estava uma p.... chuva na Escola e um aluno disse: "Nossa que chuvaiera!")

Chuvaiera
Chuvazão
Chuvarada
Um dia de chuva na EMEI*

Chuvisco
Chuvisquera
Ventania
Lápis de cor
Giz
Papel
Nariz sujo de grafite

Blusa
Touca
E mãos pequenas
Língua de fora pra pintura ficar da hora
Habilidade à toda prova

São artistas, viajam
Criam, inventam
O silêncio
O barulhinho da calha
O vento balançando as folhas

Nossa! Já está na hora
O sinal já vai tocar
O dia foi longo e tranquilo
Pelo menos aqui
Pelo menos hoje.


*Escola Municipal de Educação Infantil

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Benjaab


Toda vez que eu ouvia a música Benjaab do Mestre Ambrósio, lembrava das cenas de dois filmes: Abril Despedaçado e Vidas Secas. Resolvi fazer um clip com cenas dos filmes. Espero que gostem.
http://www.youtube.com/watch?v=OBIo5woQ5kk

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sobre botões e minhocas



Eu escrevo desde os nove anos, ou quase isso.  Me lembro que tinha uma bicicleta com cestinha, uma Ceci. Quando não estava com o Kiko dentro dela, um gatinho preto lindo de olhos verdes, estava com um caderninho e uma caneta.
Nele eu anotava as idéias que surgiam na cabeça enquanto pedalava na viela de asfalto rústico atrás da minha casa.
Era um percurso de poucos metros, mas que rendiam rimas enquanto o vento levantava o meu cabelo.
É uma pena não ter guardado aquele caderno. É uma pena não ter acreditado que eu estava produzindo algo muito útil para o meu futuro.
Recordo apenas de um pequeno trecho de um dos meus poeminhas: “De grão em grão a galinha enche o papo. De vão em vão o pé entra no sapato...” O resto se perdeu. Se perdeu no tempo, na memória.
Hoje tenho consciência de que a infância é o melhor espelho do futuro. Se não conseguimos refletir hoje as coisas que fazíamos com tanto prazer na infância, nos tornamos adultos tristes e frustrados.
Quando entramos na vida adulta, somos obrigados a escolher uma profissão e pensar nas questões práticas da vida. Ganhar dinheiro, pagar contas. E com isso deixamos os sonhos pra trás, por medo ou por vergonha.
Outra lembrança que me traz muito prazer, é de quando passava minhas férias no sítio da minha tia. Brincava com tudo o que a natureza podia oferecer. Buscava ovos no galinheiro ao primeiro aviso da galinha, fazia tijolos de barro, buscava leite no sítio vizinho, tocava gado e, o mais divertido, dava banho nas minhocas guardadas na lata de iscas do meu tio.
Deve ser por isso que durante muito tempo pensei em estudar Biologia. Mas a vida me levou por outro caminho. Ou eu me deixei levar por ele.
Agora busco essas experiências em minha memória para talvez construir um futuro mais interessante.
São pequenos retalhos coloridos que, talvez um dia, reunidos da maneira certa, se transformem em uma linda colcha. Ou são botões de roupa, de várias cores e tamanhos, encontrados na caixa de costura da minha mãe, guardados dentro de um pote de vidro transparente. Mas esta, já é outra história pueril.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A partida ( Augusto Frederico Schmidt)


Quero morrer de noite.
As janelas abertas
Os olhos a fitar a noite infinda

Quero morrer de noite.
Irei me separando aos poucos
Me desligando devagar.
A luz das velas envolverá meu rosto lívido.

Quero morrer de noite.
As janelas abertas.
Tuas mãos chegarão aos meus lábios
Um pouco de água
E os meus olhos beberão a luz triste dos teus olhos.
Os que virão, os que ainda não conheço.
Estarão em silêncio,
Os olhos postos em mim.

Quero morrer de noite.
As janelas abertas,
Os olhos a fitar a noite infinda.

Aos poucos me verei pequenino de novo, muito pequenino.
O berço se embalará na sombra de uma sala
E na noite, medrosa, uma velha coserá um enorme boneco.
Uma luz vermelha iluminará um grande dormitório
E passos ressoarão quebrando o silêncio.
Depois na tarde fria um chapéu rolará numa estrada...

Quero morrer de noite.
As janelas abertas
Minha alma sairá para longe de tudo, para bem longe de tudo.

E quando todos souberem que já não estou mais
E que nunca mais volverei
Haverá um segundo, nos que estão
E nos que virão, de compreensão absoluta.

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Patologias e Pretextos

Estamos construindo uma sociedade de fracos. Uma sociedade viciada em antidepressivos e desculpas. Hoje em dia qualquer indisposição vira sinônimo de depressão e receita de tarja preta. Não culpo as pessoas que tomam os tais remédios e que depois não conseguem se livrar mais deles. Mas me questiono porque hoje existem tantas doenças que não existiam antes. Transtorno bipolar, T.O.C., esquizofrenia, estresse pós-traumático. Ou será que estas doenças sempre existiram, mas não se dava tanta importância a elas, pois não eram lucrativas para ninguém? Hoje qualquer brincadeira ou apelido é chamado “bullying” e também vai parar na cadeira do psiquiatra.
Estamos vivendo um momento higienista onde tudo deve ser 100% livre de bactérias. Desde o sabonete para o banho, até o sabão de lavar roupas. 100 bactérias, 100 apelidos, 100 deprê, 100 graça.
Tá na moda ser depressivo, ter sofrido “bullying” e eliminar as bactérias.
Imaginem a próxima geração que está surgindo como vai ser. Uma geração de imbecis, que vive reclamando e tomando remédios. Uma geração que não tem força de vontade. Dependente, carente. Uma geração limpa e doente. Uma geração de corpo e roupas limpas e de mente e espírito doentes. Doentio.
Vejo todos os dias, pais que pensam que esta é a melhor maneira de proteger seus filhos, tentando impedir que eles se machuquem, que se frustrem, que chorem. Tentando impedir que eles vivam. Que corram riscos. Que adoeçam. Que morram. Como se tudo isso fosse possível de se evitar. Como se fosse saudável evitar as contaminações, as tristezas, as amizades.
Fazer isso só vai facilitar a vida da indústria farmacêutica e da indústria de produtos de  higiene e limpeza.
Quando falei sobre uma sociedade viciada em desculpas, estava me referindo à mania que as pessoas têm de ficar justificando sua incapacidade de agir, usando como pretexto as doenças, ou os apelidos que teve na infância, ou até mesmo o Governo.
As relações pessoais da atualidade são superficiais e sem nenhuma naturalidade, pois você corre o risco de dizer algo que ofenda alguém do seu convívio e ser processado por isso. Qualquer coisa é pretexto para um processo.
 Onde fica a capacidade de lidar diretamente com as dificuldades, sem precisar chamar um advogado para intervir? E a capacidade de se arrepender e pedir desculpas, sem a necessidade de consultar um psiquiatra?
As relações estão mais distantes, mais impessoais. Sem apelidos, sem palavrões e mais uma vez sem a menor graça.
No futuro seremos limpos, amparados pela lei, medicados, fracos, infelizes e solitários.



domingo, 17 de julho de 2011

Vinho Branco

Madrugada. Acordo com sensação de que meu estômago vai explodir.
O vinho branco caiu mal. Sofisticado demais para quem só bebe cerveja?
Ou será que outra coisa me fez mal ao estômago?
Me faz mal engolir sapos...eles são indigestos.
Sempre que engulo sapos acabo vomitando cobras e lagartos.
Salve-se quem puder!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Metástase

Do meu coração você se espalhou
Invadiu meu corpo
Entrou na minha mente

Pela corrente sanguínea
me contaminou
Será você uma doença
Ou a minha cura?

Tão espaçoso
Já faz parte do meu espírito
Exala pelos meus poros
Flutua sobre mim e evapora

E nessa hora
O melhor som
É o meu próprio nome
Num rouco gemido.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O céu das massas (para rir um pouco)


Depois de muito adiar, resolvi lavar a minha cozinha. Confesso que o estado de higiene era lastimável, mas apesar do trabalhão que tive, fiz uma descoberta impressionante.
Descobri que lugar bom pra se esconder é atrás do fogão. Pelo menos é o que pensam as massas. Encontrei no mínimo 3 tipos de macarrão atrás do já citado eletrodoméstico. Será o céu das massas?! Estavam lá o parafuso, o conchinha e até o miojinho nosso de cada dia.
A verdade é que as coisas se escondem dentro de casa de uma maneira inexplicável. Como explicar, por exemplo, o sumiço de meias. Elas nunca formam pares perfeitos na  passagem entre o sexto de roupa suja e a gaveta. Algumas vezes foram parar no lixo onde joguei por engano.
Aliás, seria uma vergonha confessar as diversas gafes que já cometi quando estou distraída ou com muito sono.
Uma vez precisei acordar cedo para participar de um Congresso e o resultado foi que ao tentar subir a escada rolante do metrô, não consegui. Simples, ela estava descendo. O rapaz que estava vendendo balas ali próximo se refestelou em gargalhadas.
Mas o lapso campeão foi quando tive que deixar um post-it no espelho do banheiro que dizia: “depilar a outra perna”.
Às vezes acho que é uma falha genética. Isso explicaria porque a minha mãe vive queimando o arroz. Também explicaria a preocupação da minha tia com sua saúde: toda vez que lavava a louça, ela  sentia um cheiro fétido que subia entre suas pernas. O que ela pensava ser um problema ginecológico era apenas um peixe guardado na gaveta da pia ao invés da gaveta do congelador.



terça-feira, 12 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A visita das borboletas (ou as borboletas em minha janela)

“Certa vez, num final de tarde, dezenas de borboletas saíram ao mesmo tempo do casulo e vieram bater as asas na minha janela. Fiquei encantada. Sei que este pequeno inseto causa muita admiração, principalmente pelo simbolismo de sua metamorfose: a transformação de um ser rastejante e esquisito em algo tão majestoso e livre. Acredito que todos nós temos esta capacidade de mudança em nosso íntimo.
Para mim, em especial, esta visita teve um simbolismo mais profundo: quando você não está nem aí para a vida, ela vem bater as asas em sua janela.
Um dia, apesar de não ter planejado, me tornei mãe. Foi mais uma metamorfose que a vida me promoveu.”