quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A metáfora do cavalo branco e do amor perdido


     Ele era lindo e todo branco. Tive vontade de me aproximar e espalmar minhas mãos sobre o seu dorso robusto e ainda quente. Sentir a sua alma se esvair. Fechar os olhos e lhe sussurrar "pode ir, vá em paz a dor vai passar." Mas de dentro do carro, em plena rodovia, só pude ver os carros parados com as luzes de alerta piscando e o grande cavalo branco estirado ao chão.

      Se fosse um sonho, ele levantaria de um salto balançando a cabeça e exibindo sua crina prateada e galopando subiria aos céus. Mas não foi um sonho e provavelmente ele sofreu muito antes de morrer. Sua beleza rústica e natural não lhe garantiu uma morte suave e sem sofrimento. Seu tamanho e sua força não o protegeram da pancada fatal. Seus olhos grandes e assustadiços, ofuscados pelo farol alto na estrada escura é a cena que imagino segundos antes do som da freada e do estrondo do veículo rompendo ossos e vísceras.

     Saber que nada é eterno é assustador, mas acreditar cegamente na infinitude das coisas é uma ilusão. A vida é um ciclo eterno de transformação. Um cavalo, uma planta, um sentimento...Todos morreram ou apenas mudaram de forma?

      O fim, é a dor da morte.
      A morte, é o fim da dor.