Conserte a goteira.
Uma goteira não
incomoda enquanto não está chovendo. Mas isso não significa que ela não esteja
lá. Ela pode existir durante anos sem que nos perturbe ao ponto de nos animar
em consertá-la.
Podemos colocar
um balde a cada chuva e esvaziá-lo toda vez que ele transbordar em um ato
mecânico e repetitivo que passa a fazer parte da nossa rotina. Chegamos ao
ponto de pensar que nos livrar da goteira seria perder um pedaço da nossa vida.
Acostumamo-nos com as gotas batucando ao fundo do balde: “tá... tá... tá” e com
o barulho ritmado e hipnotizante das gotas mergulhando na água e a sua diferente
sonoridade a cada centímetro. Somos capazes de prever o momento em que o
vazamento se aproxima usando somente a audição.
Mas, aquilo que
parecia uma inofensiva goteira, um dia se revela uma infiltração corrosiva e
bolorenta. Seria este um sinal de que agora é a hora de arregaçar as mangas e
acabar com este suplício? Não. É mais simples manter os olhos ao chão para não
ver as terríveis manchas no teto e continuar esvaziando o balde toda vez que
ele derramar.
Quando
ignoramos todos os sinais o final é previsível. Um dia o teto cede e cai apodrecido
pelos longos períodos de chuva.
Conserte a
goteira.
Não espere que
pequenas e irritantes coisas do nosso cotidiano se tornem parte importante da
nossa vida. Uma simples goteira hoje pode ser um crânio rachado amanhã.
Conserte a
goteira.
É trabalhoso,
difícil, chato e dispendioso, mas necessário ao bom andamento da nossa casa.
Pegue a escada, suba ao telhado e se suje em uma tarefa cansativa e que ninguém
verá o resultado.
Conserte a
goteira.
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