segunda-feira, 16 de abril de 2012

Janela



Dia de chuva na escola é aquele inferno. Sala lotada de crianças agitadas sem poder sair ao parque para extravasar as energias. O barulho é ensurdecedor e causa dores de cabeça.
Eis que olho pela janela e vejo um lindo sabiá se deliciando com um mamão fresquinho partido ao meio e oferecido pelo caseiro da escola.  Ele olha para mim algumas vezes, mas não interrompe sua refeição. A chuva fina faz suas penas reluzirem mais escuras do que em um dia de sol. Uma súbita paz me invade neste dia de verdadeiro caos.
O que seria de nós sem as janelas?
Ele pega um pedacinho de mamão e leva no bico para seu ninho.
Agora é um lindo sanhaço que se aproxima para petiscar o belo fruto alaranjado que contrasta sua cor azulada.
O que seria do mundo sem janelas?
Olhar para fora em busca de um horizonte, em busca da poesia do cotidiano. Fugir da acidez da realidade através do olhar, pela janela.
Janelas, vitrôs, frestas, buracos. Qualquer claridade ou raio de luz que venha de fora.
O que seria do ser humano sem janelas?
Olhar para dentro em busca de equilíbrio. Paz.
Seria isso uma crônica poética ou uma poesia crônica?!
(Março 2012)

Nenhum comentário:

Postar um comentário