Eu vivia numa caixa
Onde me encolhia pra me acomodar
Havia pequenos buracos
Por onde eu podia espiar, respirar
Quando pensei que já estava acostumada
Senti vontade de me esticar
Eu bati, mas ninguém abriu a tampa
Diziam que sair de lá era burrice, besteira
Diziam que meu lugar era lá dentro encolhida e quieta
Um dia descobri que a tal caixa era de papel
Papel mais frágil do que eu
Cansada de ficar encolhida, bati de novo
E de novo, e de novo
Já sentindo as dores do encolhimento
Me estiquei, rasguei, cortei, mordi o papel que me prendia
Saí
E ainda hoje continuo me esticando e rasgando caixas
Caixas maiores, mas que ainda me prendem
Embalagens e etiquetas que não me agradam mais
Laços de presente que não me enfeitam
Enfeiam
Vou continuar me esticando, rasgando e cortando
Até o dia que não conseguir mais
E quando este dia chegar
Farei aquilo que me restar....
....Voar
Nenhum comentário:
Postar um comentário