sexta-feira, 25 de maio de 2012

As asas


            Um avião bicolor cruza o céu azul, brigadeiro típico de uma tarde de Outono. Olho para o alto e me pergunto: o que eu estou fazendo aqui?

            Desejo tanto a paz da minha casa. O silêncio dos cômodos vazios, a sinfonia vinda do trânsito na marginal, o papagaio que chama "vó" ao longe. A buzina de uma moto, algum móvel estralando, o canto de algum pássaro. O miado de um gato, as patinhas do cachorro descendo as ascadas, a máquina de lavar roupas. A caneta no papel.

            Tenho a impressão de que sou uma borboleta que se arrasta no corpo de uma lagarta. Vez ou outra me recolho em meu casulo na esperança de me transformar e sair voando de lá. As asas até se desdobram, se soltam mas, o corpo anelado de lagarta é muito pesado e me prende ao chão.

             Até quando?

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