domingo, 18 de março de 2012

O obelisco baiano



Carlos “Pomba” trabalha como representante de vendas de uma indústria de cosméticos. Isso lhe rende algumas viagens pelo Brasil e a oportunidade de conhecer muita gente. Em uma de suas viagens de trabalho à Salvador, aproveitou a noite agradável para passear pelos bares da Ladeira de São Miguel, no Pelourinho.

Sentou-se à mesa na calçada, pediu uma cerveja e ficou apreciando o movimento. Quando se preparava para pedir a conta, surgiu na ladeira uma morena com um vestidinho verde que chamou a atenção de todos. Até as mulheres viraram a cabeça para vê-la passar. 

A morena viu “Pomba” sentado sozinho, com sua camisa branca de linho e seu chapéu panamá. Ela parou, voltou até sua mesa e perguntou: 

-Posso sentar com você meu rei?

-Lógico minha rainha!

Ela puxou uma cadeira e sentou-se de frente para ele. Seu perfume invadiu as narinas de “Pomba” e causou um leve arrepio.

 - Que perfume é esse rainha? 

- É Alfazema meu rei.

-Este teu vestidinho verde é um arraso, hein?!

-Ah, meu rei! Você não viu nada ainda. Embaixo deste vestido tem um monumento espetacular!

-Nossa! Quando posso conhecer este ponto turístico baiano?

-Posso te mostrar um pedacinho agora....estou sem calcinha.

A imaginação de “Pomba” foi tão longe que ele se lembrou de Sharon Stone no filme “Instinto Selvagem”. Ele afastou sua cadeira até um ponto onde pudesse ver melhor, a morena sorriu e lentamente descruzou as pernas. Mas, não tão lentamente assim, algo roliço pulou generosamente para frente como se quisesse dizer “olá”.

“Pomba” sentiu seu coração disparar, as gotículas de suor brotar em sua testa e a respiração parar. Esta sensação durou poucos segundos, que pareceram eternos. Ele sorriu, secou o suor da testa com um guardanapo de papel, levantou-se e estendeu a mão como se convidasse a morena para dançar. Quando ela fez um gesto de quem aceita o convite, “Pomba” disparou ladeira abaixo como quem corre do próprio diabo. Na corrida perdeu um pé do seu sapato bicolor e só parou 15 minutos depois, quando a lembrança o fez vomitar em um beco.

Limpou a boca na gola de sua camisa e pensou alto: “Odeio Alfazema!”

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