quinta-feira, 16 de maio de 2013

Em São Paulo

     

        Morre aos poucos quem mora em São Paulo.



Morre pela boca, pelo coração e pela mente.

O ar aspirado é putrefato, letal e mata aos poucos nossas células. Envelhecem, apodrecem e morrem.

Morre aso poucos quem mora em São Paulo.

O medo paralisa e destrói o que a cidade tinha de melhor- a vida noturna boemia e constante. O seu movimento, que antes lhe dava vida, agora é um movimento tenso. Pressa, olhos atentos, bolsas coladas ao corpo, vidros dos carros fechados. Pais neuróticos, vigilantes e superprotetores.

Morre aos poucos quem mora em São Paulo.

Morre no trânsito. No tiro disparado ou no acidente violento. Morre também quando gasta sua vida enfileirado em um caminho que não tem fim. Os ouvidos se desgastam ao som das buzinas, motores e ofensas.

Morre aos poucos quem mora em São Paulo.

Morre de raiva. Raiva que alimenta o estresse, a hipertensão e o enfarto.

Morre de desanimo ao ser obrigado a conviver com a miséria, a ignorância e a injustiça.

Morre aos poucos quem mora em São Paulo.

Morre pela boca, pelo coração e pela mente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário