Morre aos poucos quem mora em São Paulo.
Morre pela
boca, pelo coração e pela mente.
O ar aspirado é
putrefato, letal e mata aos poucos nossas células. Envelhecem, apodrecem e morrem.
Morre aso
poucos quem mora em São Paulo.
O medo paralisa
e destrói o que a cidade tinha de melhor- a vida noturna boemia e constante. O
seu movimento, que antes lhe dava vida, agora é um movimento tenso. Pressa,
olhos atentos, bolsas coladas ao corpo, vidros dos carros fechados. Pais
neuróticos, vigilantes e superprotetores.
Morre aos
poucos quem mora em São Paulo.
Morre no trânsito.
No tiro disparado ou no acidente violento. Morre também quando gasta sua vida
enfileirado em um caminho que não tem fim. Os ouvidos se desgastam ao som das
buzinas, motores e ofensas.
Morre aos
poucos quem mora em São Paulo.
Morre de raiva.
Raiva que alimenta o estresse, a hipertensão e o enfarto.
Morre de
desanimo ao ser obrigado a conviver com a miséria, a ignorância e a injustiça.
Morre aos
poucos quem mora em São Paulo.
Morre pela
boca, pelo coração e pela mente.
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