Em uma folha de caderno cabe o
desenho de um sol. Não, cabem vários sóis. De todas as cores, tamanhos e
expressões.
Uns tem cara de espanto, outros
sorriem de boca aberta. São traços irregulares e imprecisos, mas são traços
fortes e seguros. Os raios parecem se esticar na tentativa de tocar os outros.
Dar as mãos e raiar juntos.
Um deles, talvez o que foi desenhado
primeiro, parece ser o líder, o mestre ou o pai de todos. Ele é verde e sorri.
Um sorriso generoso, tranquilo e amigável. Para mim, ele representa o deus sol.
Aquele que ilumina sem ofuscar. Reflete o brilho dos outros com alegria e
desapego.
É um desenho criativo e cheio de
sentimentos bons. Ela o fez com alegria e compromisso. A cada novo sol que
desenhava, fazia questão de contá-los um a um. Uma mente quadrada poderia olhar
e dizer: “Menina, existe apenas um sol e ele é amarelo”. Uma visão limitada e
castradora.
Eu prefiro acreditar que existam
muitos sóis. Milhares deles. Em um universo tão grande e ainda por se explorar,
porque eu devo me contentar com apenas um sol?
Quero muitos. Quero todos. Com todas
as suas cores e calores.